Índice da The Economist indica que moeda argentina está 20% sobrevalorizada; com peso forte e real fraco, turistas argentinos acham Brasil muito barato em restaurantes, lojas e supermercados
Cada vez mais economistas têm citado que o peso argentino está sobrevalorizado. Ou seja, a moeda estaria valendo mais do que deveria.
Um indício dessa distorção aparece no preço do sanduíche mais famoso do mundo, o Big Mac.
E, nesse verão, a distorção se materializa na surpresa dos turistas argentinos que chegam de férias ao Brasil: acham tudo muito barato.
A edição de janeiro do Índice Big Mac, elaborado pela revista The Economist, indica que o peso argentino está sobrevalorizado em 20,1%.
Isso indica, basicamente, que comer o icônico sanduíche do McDonald’s em Buenos Aires é 20% mais caro que em Nova York.
O curioso indicador da The Economist usa a teoria econômica da paridade do poder de compra. Essa tese defende que as taxas de câmbio tendem a se ajustar de modo a igualar o preço de produtos idênticos em diferentes países.
Nesse caso, o produto idêntico é o Big Mac. A receita do sanduíche é a mesma em todo o mundo: dois hambúrgueres, alface, queijo, molho especial, cebola e picles, num pão com gergelim.
Na Argentina, o Big Mac custa 7.300 pesos, o equivalente a US$ 6,95. Esse valor é 20% maior que o cobrado pelo mesmo hambúrguer nos Estados Unidos, onde é vendido por US$ 5,57.
A diferença de preço sugere que o peso argentino tem valor distorcido e está acima do considerado “justo”. Pela lógica do índice, o dólar para os hermanos deveria valer 1.260 pesos — mais que os atuais 1.050 pesos.
O preço da Argentina só é menor que o pago na Suíça, onde a sobrevalorização é de 38%. Por lá, o Big Mac custa US$ 8.
Argentinos no Brasil
Do outro lado do ranking, o real brasileiro aparece como uma das moedas desvalorizadas. Por aqui, o Big Mac custa R$ 23,90, o equivalente a US$ 4. O valor é 30,5% mais baixo que o praticado nos EUA. Ou seja, é 30% mais barato comer em São Paulo que em Miami.
A diferença das duas moedas — com o peso supervalorizado e o real subvalorizado — explica o choque que muitos argentinos têm ao chegar ao Brasil.
Nas redes sociais, há dezenas de postagens de turistas argentinos impressionados com o preço considerado baixo do McDonald’s brasileiro.
“Quatro Big Macs e dois hambúrgueres, com batatas e refrigerantes por 20.000 pesos. É uma loucura!”, disse @rebecariveraokk em frente à filial na Praia dos Ingleses, na capital catarinense.
Levando-se em conta os números do indicador da The Economist, um argentino paga 42% menos para comer um Big Mac em Florianópolis que em Buenos Aires. Quase metade do preço.
“Vamos falar sobre como o McDonald’s é barato no Brasil. Tudo é absolutamente barato. Mesmo para quem não usa cupom, é barato”, diz, espantada, a @espiaporelmundo em viagem a Florianópolis.
O mesmo tem acontecido em outros locais. Supermercados e lojas, como a Decathlon de artigos esportivos, têm servido de cenário para vídeos de turistas chocados e mostrando como as coisas no Brasil são baratas – pelo menos para eles.
Talvez seja a volta do “¡dame dos!” — expressão que ficou famosa quando, há vários anos, argentinos achavam tudo tão barato no Brasil que simplesmente pediam o dobro de tudo.
Afinal, podiam pagar.
Fonte: CNN Brasil