Chuvas atrapalham colheitas, mas safra de soja caminha para número recorde em Mato Grosso

A colheita de soja ganha ritmo e o Mato Grosso está muito próximo de atingir os recordes de produtividade de 2022/23, dependendo praticamente do desempenho das lavouras médias e tardias. Apesar das constantes chuvas, que dificultam a operação de colheita e trazem preocupação quanto à qualidade dos grãos, o potencial é alto. A estima de produtividade é de 63 sacas por hectare (53,1 em 2023/24). Mantido esse volume, o estado pode produzir 7,9 milhões de toneladas a mais de soja nesta safra.

Para avaliar as lavouras no Mato Grosso, o Rally coloca em campo a partir de segunda-feira, dia 20, sua terceira equipe, que desta vez percorrerá a região Sudeste do estado, passando por Campo Verde, Primavera do Leste e Paranatinga, entre outros municípios, finalizando os trabalhos em Cuiabá no dia 25 de janeiro. Os técnicos já estiveram na região da BR 163, verificando lavouras nas áreas de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e Matupá e, também, o Oeste do estado, nas regiões de Diamantino, Campo Novo do Parecis, Sapezal e Campos de Júlio.

Embora haja muito por vir até o final da colheita, se mantido o panorama atual com aumento de área, clima favorável no início do ciclo e boas condições de plantio em todos os estados, a perspectiva é de uma safra brasileira histórica, 10,9% maior que a 2023/24 e 6,2% superior ao recorde de 2022/23.

A perspectiva é de uma produção de 172,4 milhões de toneladas em 47,5 milhões de hectares. A produtividade média nacional é projetada em 60,5 sacas por hectare, contra 55,4 na safra anterior.

Migração do milho verão para soja

Apesar das margens ainda apertadas, a área plantada de soja deve crescer cerca de 700 mil hectares ou 1,5% em relação à safra passada. A maior parte desse crescimento deve ocorrer em função da migração de área de milho verão para a soja, que possui custos de produção mais baixos. “A expansão está abaixo da média dos últimos 10 anos e reflete o momento de dificuldade do setor. Ainda assim contribui para aumentar a oferta dessa safra de soja”, diz André Debastiani, coordenador do Rally da Safra.

Apesar da demora na regularização das chuvas em algumas regiões, as condições de plantio dessa safra foram muito boas. Diferente do ano passado, quando o replantio atingiu suas máximas, esse ano ele é baixo e muito pontual. Aliado a isso, o clima no início do ciclo permitiu o bom estabelecimento das lavouras.

A previsão de chuvas para os próximos meses deve garantir um bom potencial produtivo para as lavouras de ciclo médio e tardio e, também, às culturas de 2ª safra. No entanto, há preocupações a serem consideradas. “Estamos diante de uma safra grande e que será colhida com bastante umidade, o que irá pressionar a infraestrutura de armazenagem e secagem, podendo gerar descontos na entrega do produto. A alta umidade traz também preocupação em relação à podridão de vagens, maior pressão de doenças e alongamento do ciclo da soja – o que já está acontecendo e deve empurrar o plantio do milho para mais tarde”, esclarece Debastiani.

Fonte: Circuito Mato Grosso